domingo, 6 de agosto de 2017

A saga do leite da Itambé

[ Nota do autor: este post não fala exatamente sobre almoço (apesar de que há pessoas que tomam leite na hora do almoço) tampouco da região da Paulista. Entretanto, como trata-se de um acontecimento inusitado e que pode também servir de alerta e/ou utilidade pública, vale o comentário ]

Quando eu era criança (pronto, vou entregar a minha idade), ia até a padaria e comprava aquele leite "de saquinho". Era leite A, B ou C; nada de integral, desnatado ou semi-desnatado como acontece hoje. Colocava o saquinho numa jarra (senão ocorriam derramamentos desastrosos, como acabei aprendendo na marra) e cortava a ponta do saquinho. Segundo meus pais, era preciso tomar todo aquele leite no mesmo dia, senão estragava.

Hoje em dia a coisa mudou. O leite vem numa caixinha, que é uma solução muito mais ergonômica, a embalagem tem uma tampa, e o principal é com relação à validade: fechado, o leite dura meses. Nesse ponto cabe uma pequena digressão: há quem diga que, para o leite durar tanto tempo, é preciso misturar nele uma série de substâncias artificiais de nome complicado, que seriam excelentes para desafios de trava-língua. De fato eles misturam, como podemos ver nos rótulos das embalagens, e é algo comum nos produtos industrializados em geral. Se é bom para a nossa saúde a longo prazo eu não sei dizer, mas comum realmente é.

Apesar de não ser um bezerro (acho), gosto bastante de leite. Bebo todas as manhãs e, se não bebo, parece que o dia não começa. Muita gente sente o mesmo com relação a café, mas comigo é com leite (pois é, além de velho sou esquisito). Recentemente eu e minha esposa resolvemos começar a comprar leite desnatado, e acabamos adquirindo um da Itambé, que era a única marca relativamente conhecida que havia na prateleira. Como de costume, verifiquei a data de validade, e apesar de não ser o leite mais barato, acabamos comprando.

Chegando em casa, a surpresa: o leite não era leite. Quer dizer, até podia ser, mas tinha uma aparência um tanto quanto inusitada (pra não dizer outra coisa). Era uma mistura de esverdeado com amarelado, parecia mais um suco de abacaxi. 

O "leite" da Itambé - será que o problema poderia ser a vaca deles? 

Entrei em contato com a Itambé através do formulário no site, e fiquei surpreso com a quantidade de informações que tive que fornecer, só para conseguir enviar a mensagem. Além de nome, e-mail e cidade (que acho razoável solicitar), era obrigatório fornecer também CPF, endereço, estado civil, celular... ainda bem que não pediram exame de sangue, uma vez que acredito que os resultados do meu já estejam desatualizados.

Preenchi todos os dados, relatei sobre o leite de cor duvidosa que encontrei, mas nada. Passou-se um dia, dois, três... nada de resposta. Mandei uma mensagem através do twitter da empresa, e qual foi a minha surpresa quando pediram meu nome completo, e-mail e telefone... ué... mas eu já não tinha preenchido todos estes dados através do formulário?  E mais: para a empresa poder esclarecer o ocorrido, estes dados são realmente imprescindíveis? Se eu não tiver um endereço de e-mail, será que não sou considerado gente (portanto não mereço uma resposta)? E se eu não tiver um telefone, também não sou considerado um ser humano?

Mas enfim, apesar de eles já conseguirem me contactar através da minha conta no twitter, passei novamente o meu endereço de e-mail.

Hoje, a situação está nesse pé. Eu esperando por alguma explicação (ainda bem que estou esperando sentado), e eles... bem, eles devem estar fazendo alguma coisa... ou não. Quem sabe?

Ao contrário do que alguns podem estar pensando, não tenho intenção nenhuma de processar a empresa, nem de brigar na Justiça, nem de pleitear milhões em indenizações, nada disso. Aliás, não pretendo nem solicitar o ressarcimento pelo produto, uma vez que a caixinha de leite custou por volta de 3 reais. Esse valor não paga nem a condução de eventualmente ter que ir buscar essa quantia.

Sendo bem sincero, a única coisa que gostaríamos é de respeito. Mas pelo que tenho observado, não é o forte da Itambé. Portanto, fica o alerta: ao comprar o seu leite, opte por alguma outra marca, que tenha leite de verdade na caixinha.


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Fui contactado pelo SAC da empresa, que forneceu a seguinte explicação: devido a alguma ação mecânica (queda ou batida mais forte durante o transporte), a camada da embalagem responsável por evitar a entrada de oxigênio pode ter se rompido, permitindo a entrada de ar e consequente reação química no leite.

Embora a caixa não apresentasse nenhum dano visível (costumo ter o cuidado de não comprar produtos cuja embalagem esteja amassada ou danificada), é uma explicação bastante plausível e acredito que possa ter sido realmente o caso.

Apesar da demora em ter um retorno do SAC, o mesmo desculpou-se pelo ocorrido e deu uma resposta que julguei ser bastante coerente. A empresa recolheu o leite em questão (que eu havia guardado na geladeira) para análise, e ainda ofereceu uma cesta de produtos como pedido de desculpas, atitude que achei bacana.

Ainda estou aguardando um feedback sobre a análise do leite entregue mas, no fim das contas, em virtude de todas as providências adotadas, acabei ficando com uma boa impressão da empresa.

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